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1 de agosto de 2018Por Claudio Pereira
Diretor Geral do CERBA-LCA
Tenho acompanhado a evolução da Medicina Diagnóstica nos últimos 30 anos. Creio que em poucos segmentos da área de saúde tivemos uma evolução tão grande. A quantidade de testes disponíveis e executados, a miniaturização dos ensaios, a automação, os sistemas de gestão da qualidade, a evolução tecnológica, a “ciência do DNA”, a inteligência artificial, enfim, várias tendências e inovações contribuíram para a completa transformação do setor.
Hoje sabemos que podemos ser eficientes nas análises e nos processos. Sabemos como fazer mais com menos e reduzir nossos custos. Recente análise do Dr. Irineu Grinberg evidencia, utilizando um indicador simples e comparativo de consumo, que o valor pela tabela SUS de uma glicemia desvalorizou mais de 16.000 vezes em 24 anos (1).
Análises econômicas estudando os custos do sistema de saúde, reproduzidos na América do Norte e Europa, demonstraram que os exames laboratoriais representam menos de 3% do total dos custos apurados (2). Esta fração, comparativamente à importância dos testes laboratoriais e da sua utilização clínica, representa um montante surpreendentemente baixo.
Também sabemos produzir informações clinicamente relevantes. Os resultados dos nossos exames orientam cerca de 70% das decisões clínicas, de acordo com pesquisas e análises produzidas por diferentes fontes e autores. Por mais que precisemos aperfeiçoar esta atuação nas fases pré-analítica (guidelines e consultoria) e pós-analítica (interpretação e evidências relacionadas ao desfecho clínico), a contribuição dos testes laboratoriais é claramente destacada e nos torna atores muito importantes no sistema de saúde.
Se considerarmos que valor na cadeia de valor da saúde pode ser definido pela equação: Valor = desfechos clínicos importantes para os pacientes / custos para entregar estes desfechos, definitivamente temos o laboratório bem posicionado, mesmo que intuitivamente, nesta geração de valor para os pacientes.
Temos então argumentos claros e bem definidos para afirmar que a indústria de laboratórios atual é eficiente e entrega valor aos seus clientes. O que nos falta, então? Criar uma estratégia que transforme o foco do nosso segmento do “volume” para o “valor”. Precisamos buscar, com a mesma intensidade com que buscamos volume, as evidências que demonstram esta contribuição dos exames laboratoriais na melhora dos desfechos clínicos dos pacientes. Um direcionador que hoje nos faz focar em volume, o modelo de remuneração fee-for- service, parece estar com seus dias contados. Um novo modelo de remuneração baseado na contribuição efetiva para um melhor desfecho clínico de cada paciente parece estar em elaboração e está mais alinhado com a mensuração da entrega de valor por cada participante do sistema.
É muito importante o setor de laboratórios assumir a liderança sobre esta transformação. Estamos mais capacitados do que todos para entender e conduzir mais esta mudança, que como todas as mencionadas acima, será muito bem sucedida, reconhecendo o desenvolvimento e momento atual desta relevante indústria.
(1) O exame de glicemia e o “índice Chicabom” – publicado em 23/02/2018 – Labnetwork.
http://www.labnetwork.com.br/noticias/o-exame- de-glicemia- e-o- indice-chicabom/
(2) The Value of In Vitro Diagnostic Testing in Medical Practice: A Status Report. PLoS
ONE 11(3): e0149856. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0149856